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O evento GovTech Brasil 2018 foi criado para reunir pessoas e instituições em torno de uma ideia central: imaginar e construir uma agenda para transformar o Brasil em um país digital em um futuro próximo. A emergência de novas tecnologias como blockchain, inteligência artificial e robótica tem possibilitado ao redor do mundo maior eficiência e transparência na realização de políticas públicas e no cuidado da relação entre governos e seus cidadãos. Bem aplicadas, essas tecnologias colocam-se a serviço da redução de burocracias, de maior proximidade entre governo e cidadão e da melhoria da qualidade de vida das pessoas.
A Estônia é um país do norte europeu com aproximadamente 1,2 milhão de habitantes. Encontra-se separado da Finlândia pelo Golfo da Finlândia. Nas palavras de Toomas Hendrik Ilves, ex-presidente da Estônia e palestrante responsável por apresentar a revolução digital vivida em sua nação, os dois países são “primos”, tal como acontece com Portugal e Espanha. Embora os idiomas sejam diferentes, finlandeses são capazes de entender estoniano e vice-versa.
José Clastornik foi nomeado diretor da Agência de Governo Eletrônico e Sociedade da Informação e do Conhecimento desde sua concepção, em 2007. Seu trabalho foi a promoção da “Agenda Uruguai Digital”, consolidando seu país como o mais avançado digitalmente na América Latina. Em sua palestra, Clastornik concentrou-se em apresentar indicadores e pontos centrais da transformação do Uruguai em um país digital, atentando para a organização de diversos setores do governo para realizar essa mudança de forma inclusiva e sustentável para que a sociedade como um todo pudesse se beneficiar com o uso inteligente das tecnologias.
Após as apresentações sobre as experiências de digitalização do governo empreendidas na Estônia e no Uruguai, ambos os palestrantes retornaram para dialogarem sobre quais passos são necessários para que o Brasil também construa um governo conectado com as tecnologias digitais. O painel contou com a moderação do Milton Seligman, do Insper. A primeira questão diz respeito a quem deve liderar uma agenda como essa. Tanto Hendrik quanto Clastornik concordaram que a tomada de decisão deve vir dos altos escalões de poder, uma vez que é uma reforma estrutural que atinge todos os âmbitos do governo e que, portanto, não pode ser pensada apenas setorialmente. Para que isso ocorra, é essencial haver uma comunicação horizontal, aproximando e incluindo todos os atores envolvidos no processo de construção desse novo modelo de governo.
Para apresentar e lançar a terceira edição do programa de aceleração do BrazilLAB, Letícia Piccolotto, , fundadora do hub de inovação em GovTech, trouxe uma série de dados sobre a situação da tecnologia digital no Brasil em relação ao cenário mundial. A pergunta norteadora de sua fala foi: é possível promover um governo digital, transparente, democrático e eficiente?
Dan Balter, Global Managing Partner da Duco e ex-vice-presidente da StartTau, o Centro de Empreendedorismo da Universidade de Tel Aviv, falou sobre a exitosa relação entre governo e o ecossistema de startups em Israel, compartilhando como sua nação se tornou referência mundial no campo da tecnologia.
Sahil Kini, sócio da Aspada Investments Advisors, compartilhou sua experiência com a criação do Aadhaar, o programa de identidade digital indiano. Sua fala foi otimista, especialmente por vir de um país com uma população quase seis vezes maior que a brasileira – diferente dos casos da Estônia, do Uruguai e de Israel.
De que forma as experiências vividas em Israel e Índia podem indicar caminhos para o desenvolvimento de um governo digital no Brasil? Para responderem a essa pergunta, Dan Balter e Sahil Kini retornaram ao palco para uma conversa mediada pelo Fábio Barbosa, da Fundação das Nações Unidas e BrazilLAB. . O primeiro ponto de atenção é a cultura do local. Apesar de alguns países latino-americanos já possuírem ecossistemas de startups muito experientes, com apoio governamental na forma de financiamentos, é necessário que se dê um passo a mais. A cultura em Israel, por exemplo, acolhe a possibilidade de fracasso como parte crucial de seus processos. Lá, se você recebe uma verba e fracassa, você tem mais chance de conseguir uma próxima verba. Não há como conseguir melhorar o cenário de inovação quando o risco e o custo da falha são muito altos.
O propósito da mesa foi refletir sobre de que maneira o governo digital pode ser uma ferramenta para fomentar a inovação e a inclusão de populações tipicamente excluídas. Para compor a mesa, foram chamados Anowa Quarcoo, co-fundadora da Civic Tech Toronto, Daniel Novy, da empresa especializada em blockchain ConsenSys, Heidi Berner, ex-vice-ministra de Avaliação Social do Ministério do Desenvolvimento Social do Chile, e Luis Felipe Monteiro, Secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil. O moderador foi o Eduardo Gussem, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Ronaldo Lemos, um dos curadores do GovTech Brasil 2018, trouxe a questão: após tantos exemplos, por que não estamos fazendo tudo isso? O desafio levantado no evento foi esse, como colocar a mão na passa para pensar em soluções para esse problema que não é apenas brasileiro. No mundo inteiro, um bilhão de pessoas vivem sem prova oficial de identidade, o que produz um paradoxo da subidentificação: com tantos recursos e, por vezes, pessoas super-identificadas – com dois, três documentos de identidade cada – outras tantas seguem sem identificação.
Este painel, apresentado pelo Diego Martins, do Acesso, e composto por Antti Poikola, membro do conselho da Sovrin Foundation, Lila Hänni, do programa e-Democracia do e-Governance Academy, e Ronaldo Lemos, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, teve como tema central a reflexão sobre as possibilidades de pensar uma identidade digital unificada para um país de grandes proporções populacionais e burocráticas como o Brasil.
Bill McGlashan, fundador e sócio-gerente da TPG Growth e co-fundador do The Rise Fund, por conta de sua carreira como empresário e investidor, trouxe para o evento seu olhar sobre a participação do setor privado na inovação para impacto social. Observando os exemplos já apresentados, todos eles incluíram o setor privado na busca por soluções para os problemas enfrentados. Isso acontece porque o setor privado possui muito mais agilidade do que o governo consegue suportar. A questão, portanto, é como os governos podem auxiliar as iniciativas privadas que visam impacto social? Nas favelas brasileiras há 8 milhões de empreendedores. Como eles podem ser auxiliados? Só por ter acesso a crédito ou insumos melhores, por saber que se pode ter acesso a uma fonte confiável para seus produtos, esses empreendedores conseguem aumentar em 70% a renda familiar. Com esse tipo de impulso é possível fazer com que as pessoas façam mais do que têm feito.
Alexandre Fernandes, fundador do MoTI Foundation, foi um dos diretores do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro, um museu de ciências aplicadas que convida as pessoas a iniciarem uma investigação sobre amanhãs possíveis. Trata-se de um novo convite, uma nova narrativa sobre a nossa relação com o planeta e uns com os outros e parte do princípio de que somos movidos por narrativas. As histórias que o museu apresenta são baseadas em grandes perguntas: quem somos, onde estamos, de onde viemos, para onde vamos e como queremos ir?
Após um dia inteiro de exemplos e inspirações sobre como outros países têm desenvolvido sua relação com a tecnologia no setor público, Armínio Fraga, sócio fundador da Gávea Investimentos, Georgia Pessoa, diretora executiva do Instituto Humanize, Marcos Lisboa, presidente do Insper, e Vinícius Carrasco, ex-diretor de planejamento e pesquisa do BNDS, dialogaram sobre como fortalecer o ecossistema brasileiro de inovação. A moderadora foi a Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB e presidente da Fundação Brava.
Uma das principais demandas de atenção no serviço público é a área da saúde, que muito poderia se beneficiar com soluções tecnológicas. Para discutir como trazer tecnologia para resolver os problemas que temos na saúde, o evento contou com um painel moderado pelo Manoel Lemos, da RedPoint Ventures, e com a presença da Elizabeth Jucá, da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, Gonzalo Neto, professor da Universidade de São Paulo, e Patrícia Ellen, presidente da Optum no Brasil.
Uri Levine, empreendedor em série e mentor de jovens empreendedores, co-fundador do Waze e membro do conselho de meia dúzia de startups, trouxe uma fala inspiradora sobre o que é necessário para empreender e inovar a partir do ponto de vista dos empreendedores. Para ele, envolver-se com empreendedorismo é como se apaixonar, pois tanto amor quanto ódio são sentimentos que levam ao sonho e à paixão, dando energia para enfrentar a longa montanha russa emocional do trabalho com startups. Esse apaixonar-se, entretanto, não pode ser com a solução, mas sim com o problema, do contrário é possível perder de vista as melhores oportunidades para resolvê-lo.
Para avaliar pontos específicos em que a tecnologia pode auxiliar o setor público, Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé e cofundadora do Movimento Agora, Raul Jungmann, ministro da Defesa do Brasil, e Thiago Camargo, Secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, falaram sobre como a tecnologia pode ajudar a aprimorar a transparência e a eficiência da segurança pública brasileira. A mediação foi feita pela Joana Monteiro, do Instituto de Segurança Pública.
Maurício Wanderley, do Tribunal de Contas da União, Miriam Wimmer, Diretora de Políticas para a Transformação Digital no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e Vera Monteiro, professora da Fundação Getúlio Vargas, debateram sobre a previsão de um governo digital e quais as demandas em termos de regulamentação para que ele aconteça. A mediação foi do Guilherme Dominguez, do BrazilLAB.
Este painel temático tratou sobre educação, compreendendo-a como elemento chave para assegurar o desenvolvimento do país, e contou com a participação de Amy Solder, chefe dos programas de inovação da Nesta, Benjamin Koo, um dos fundadores do iCenter@Tshinghua, Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, Paulo Blikstein, professor da Universidade de Stanford, e Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, e com a moderação do Fábio Tran, da Omidyar Network.
O fechamento do GovTech Brasil 2018 foi realizado a partir de entrevistas de 20 minutos com cinco candidatos à presidência para as eleições deste ano. Os presidenciáveis entrevistados, João Amoêdo, do NOVO, Guilherme Boulos, do PSOL, Henrique Meirelles, do MDB, Geraldo Alckmin, do PSDB, e Marina Silva, da REDE, receberam perguntas semelhantes sobre seus projetos de governo para tecnologia, as possibilidades de parceria entre setor público e privado e as consequências do avanço da tecnologia para pessoas que porventura perdessem seus empregos, como cobradores de ônibus.
Nosso governo está sendo atropelado pela sociedade. Enquanto isso, iniciativas privadas e individuais driblam e superam em ritmo exponencial um sistema obsoleto e ineficiente. Exemplos pelo mundo provam que os problemas têm solução: o uso das tecnologias disponíveis pode melhorar
No último dia 6 de agosto, um dos maiores nomes mundiais de renovação digital marcou presença no evento GovTech Brasil, em São Paulo. A palestra de Tomas Hendrik Ilves, ex-presidente da Estônia, ganhou destaque ao contar sobre como implementaram de
Assim como aconteceu na segunda (06/08), o segundo dia de GovTech foi repleto de debates de alto nível sobre inovação no setor público. Dessa vez, o foco foi dirigido ao contexto brasileiro. Nas palavras de Letícia Piccolotto, fundadora do BrazilLAB