Inovação e Poder: como startups estão ajudando governos a aperfeiçoar a eficiência dos órgãos públicos
A edição de maio da Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios destaca o crescimento da pauta GovTech no Brasil. Letícia Piccolotto, curadora do GovTech Brasil e Founder do BrazilLAB, aborda no artigo os maiores entraves para as startups atuarem com os governos e um panorama do momento atual das GovTechs no país.
Ao longo do artigo, Letícia destaca a importância de ser resiliente na busca de responder os desafios e conquistar oportunidades para vender ao governo. A Founder do BrazilLAB ressaltou que este mercado está ganhando impulso no país e relacionou o crescimento da pauta à Lei da Inovação, regulamentada no ano passado, que simplificou a aproximação entre startups e governos.
Confira o artigo publicado na edição de maio da Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios:
Inovação e Poder
Para vencer o desafio de fazer muito com orçamentos limitados, conferir transparência às ações oficiais e dar respostas rápidas às demandas da população, governos estaduais, prefeituras e órgãos públicos estão recorrendo à ajuda das startups. Os empreendedores, por sua vez, já perceberam que o poder público pode ser um parceiro comercial fundamental para conquistar o crescimento. É o fenômeno das GovTechs, que começa a ganhar força em todo o Brasil.
Em São Paulo, o governo estadual promove o programa PitchGov, em parceria com a ABStartups. O objetivo é selecionar startups que proponham soluções para problemas nas áreas de educação, saúde, transporte, habitação, saneamento, entre outros. O programa não prevê repasse financeiro, mas as empresas têm a oportunidade de testar suas soluções com escala. Uma das GovTechs a se beneficiarem da iniciativa foi a Numa, selecionada na primeira edição, em 2015. A startup paulista criou o Poupinha, um chatbot que otimiza os agendamentos do Poupa Tempo em todo o estado, permitindo realizar agendamentos e tirar dúvidas online. Hoje, a startup atende em média 18 mil pessoas por dia.
A iniciativa do PitchGov deu tão certo que a ABStartup e o governo lançaram, em abril, uma cartilha para disseminar o modelo para outros estados, prefeituras e órgãos públicos. “Trabalhar para o poder público é uma excelente oportunidade para os empreendedores”, diz Amure Pinho, presidente da ABStartups. “Os governos são clientes com escala e peso. Quem consegue atendê-los mostra-se apto a atender qualquer grande empresa”, afirma. Confira abaixo quatro startups que já estão lucrando com a parceria.
Comunicação Ágil
Fundada em 2012, a paulistana MGov desenvolveu a plataforma lmpactCom, que usa SMS e unidade de resposta audível (URA) para ajudar gestores de políticas públicas e programas de impacto social a estabelecer comunicação direta com seus públicos-alvo, que muitas vezes não têm acesso à Internet. Em 2015, a MGov fez uma parceria com a Fundação Lemann para criar o EduqMais, uma biblioteca de conteúdo para o engajamento de famílias de alunos de escolas públicas.
Big Data no Governo
Coletar, organizar e visualizar grandes volumes de dados públicos é a proposta da 4MTI, empresa de Belo Horizonte (MG). Para isso, criaram a ferramenta de Big Data Diagnóstico Público, já adotada pelo Sebrae-MG epela prefeitura de Contagem. Para o Sebrae, foi feita uma avaliação da participação das micro e pequenas empresas nos processos de compra de 853 municípios. Em Contagem, a solução está sendo usada para analisar a situação do município em relação a metas de sustentabilidade da ONU.
Para ouvir a cidade
A CityTech, de São Paulo, começa neste mês a trabalhar comercialmente um produto que ajuda as prefeituras a conhecer e gerenciar as demandas de seus cidadãos. O Urban lnsights rastreia publicações em redes sociais e sites de notícias para entender o que as pessoas estão falando de suas cidades. Depois de processados, os dados aparecem em um painel de inslghts para o gestor público. “Em tempo real, ele pode saber o que as pessoas estão comentando”, diz Daniel Merege, 28 anos, cofundador e CEO da empresa.
Economia e melhores processos
A GovTech, fundada em 2010 em Campinas, especializou-se em desenvolver soluções para necessidades pontuais de administrações municipais de pequeno e médio porte, com foco em sistemas de comunicação e gestão de fluxo de trabalho. O carro-chefe da empresa é o Memorando On-line. que substitui os documentos impressos por versões eletrônicas, válidas como documentos oficiais. “Em Canoas, no Rio Grande do Sul, a prefeitura teve uma economia deR$ 60 mil no primeiro ano só com papel”, afirma Braga.
“É preciso ser resiliente”
Letícia Piccolotto, curadora do GovTech Brasil e fundadora do BrazilLAB, hub de inovação que acelerou 26 GovTechs, fala dos desafios e oportunidades para quem vende ao governo.
PEGN: Como vê o momento das GovTechs no país?
Letícia Piccolotto: O mercado está ganhando impulso no país. Uma das razões para isso é a Lei da Inovação, regulamentada no ano passado, que simplificou a aproximação entre startups e governos. Nos últimos dois anos, o BrazilLAB foi procurada por mais de 1,3 mil startups com projetos para o governo, que buscavam aceleração.
PEGN: Quais são os maiores entraves para as startups?
Letícia Piccolotto: O principal é o desconhecimento dos procedimentos corretos para entrar no setor público. Outra barreira é a falta de investimentos. Fundos tradicionais não são muito abertos a investir em empresas que atuam junto aos governos. Para atuar nesse segmento, o empreendedor deve primeiro consolidar seu trabalho junto à iniciativa privada. Não dá para depender só do setor público.
PEGN: Quais são as áreas mais promissoras para GovTechs no Brasil?
Letícia Piccolotto: Há uma forte demanda na área de saúde, porque os governos são pressionados a entregar serviços melhores nessa área. Tanto que várias startups já conseguiram espaço junto a hospitais e seguradoras. Segurança, burocracia e transparência também são áreas deficientes. com oportunidades para os empreendedores.
Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios